Conhecimentos: da experiência, teológico, filosófico e científico
No processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito cognoscente pode penetrar em todas as esferas do conhecimento: ao estudar o homem, por exemplo, pode-se tirar uma série de conclusões sobre a sua atuação na sociedade, baseada no senso comum ou na experiência cotidiana; pode-se analisá-lo como um ser biológico, verificando através de investigação experimental, as relações existentes entre determinados órgãos e suas funções; pode-se questioná-lo quanto à sua origem e destino, assim como quanto à sua liberdade; finalmente, pode-se observá-lo como ser criado pela divindade, à sua imagem e semelhança, e meditar sobre o que dele dizem os textos sagrados.
Apesar da
separação metodológica entre os tipos de conhecimento popular, filosófico,
religioso e científico, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma
pessoa: um cientista, voltado, por exemplo, ao estudo da física, pode ser
crente praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema
filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo
conhecimentos provenientes do senso comum.
Para melhor
entender cada um desses tipos de conhecimento, vamos inicialmente traçar um
paralelo entre o conhecimento científico e o conhecimento popular, para depois
sinteticamente identificar o que caracteriza cada um deles.
O conhecimento científico e outros tipos de conhecimento
Ao se falar em
conhecimento científico, o primeiro passo consiste em diferenciá-lo de outros
tipos de conhecimentos existentes. Para tal, analisemos uma situação muito
presente no nosso cotidiano. O parto no âmbito popular e o parto no âmbito da
ciência da medicina.
Tipos de
conhecimentos que se encontram mesclados neste exemplo:
·
Empírico, popular, vulgar, transmitido de geração em geração por meio da
educação informal e baseado na imitação e na experiência pessoal.
·
Científico, conhecimento obtido de modo racional, conduzido por meio de
procedimentos científicos. Visa explicar "por que" e "como"
os fenômenos ocorrem.
Correlação entre Conhecimento Popular e Conhecimento Científico
O conhecimento
vulgar ou popular, também chamado de senso comum, não se distingue do
conhecimento nem pela veracidade, nem pela natureza do objeto conhecido. O que
diferencia é a FORMA, O MODO OU O MÉTODO E OS INSTRUMENTOS DO CONHECER.
Aspectos a
considerar:
·
A ciência não é o único caminho de acesso ao conhecimento e à verdade.
·
Um objeto ou um fenômeno podem ser matéria de observação tanto para o
cientista quanto para o homem comum. O que leva um ao conhecimento científico e
outro ao vulgar ou popular é a forma de observação.
·
Tanto o "bom senso", quanto a "ciência" almejam ser
racionais e objetivos.
Características do
Conhecimento Popular
Se o "bom
senso", apesar de sua aspiração à racionalidade e objetivo, só consegue
atingir essa condição de forma muito limitada, pode-se dizer que o conhecimento
vulgar, popular, latu sensu, é o modo comum , corrente e espontâneo
de conhecer, que se adquire no trato direto com as coisas e os seres humanos.
"É o saber
que preenche a nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado ou
estudado, sem a aplicação de um método e sem se haver refletido sobre
algo". (Babini, 1957:21).
Verificamos que o
conhecimento científico diferencia-se do popular muito mais no que se refere ao
seu contexto metodológico do que propriamente ao seu conteúdo. Essa diferença
ocorre também em relação aos conhecimentos filosóficos e religioso (teológico).
Apresentamos
abaixo, em linhas gerais, as características principais dos quatro tipos de
conhecimento: popular, filosófico, teológico e científico.
CONHECIMENTO
POPULAR
Superficial - conforma-se com
a aparência, com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando junto das
coisas.
Sensitivo - referente a
vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária.
Subjetivo - é o próprio
sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos.
Assistemático - a organização da
experiência não visa a uma sistematização das ideais, nem da forma de adquiri-las
nem na tentativa de validá-las.
Acrítico - verdadeiros ou
não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se manifesta sempre de
uma forma crítica.
CONHECIMENTO
FILOSÓFICO
Valorativo - seu ponto de
partida consiste em hipóteses, que não poderão ser submetidas à observação. As
hipóteses filosóficas baseiam-se na experiência e não na experimentação.
Não
verificável - os enunciados das hipóteses filosóficas não podem ser confirmados nem
refutados.
Racional - consiste num
conjunto de enunciados logicamente correlacionados.
Sistemático - suas hipóteses e
enunciados visam a uma representação coerente da realidade estudada, numa
tentativa de apreendê-la em sua totalidade.
Infalível e exato – suas
hipóteses e postulados não são submetidos ao decisivo teste da observação,
experimentação.
A filosofia
encontra-se sempre à procura do que é mais geral, interessando-se pela
formulação de uma concepção unificada e unificante do universo. Para tanto,
procura responder às grandes indagações do espírito humano, buscando até leis
mais universais que englobem e harmonizem as conclusões da ciência.
CONHECIMENTO
RELIGIOSO OU TEOLÓGICO
Apoia-se em
doutrinas que contêm proposições sagradas, valorativas, por terem
sido reveladas pelo sobrenatural, inspiracional e, por esse
motivo, tais verdades são consideradas infalíveis, indiscutíveis
e exatas. É um conhecimento sistemático do mundo
(origem, significado, finalidade e destino) como obra de um criador divino.
Suas evidências não são verificadas.
Está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado.
Está sempre implícita uma atitude de fé perante um conhecimento revelado.
O conhecimento
religioso ou teológico parte do princípio de que as verdades tratadas são
infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em revelações da divindade, do
sobrenatural.
CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Real, factual – lida com
ocorrências, fatos, isto é, toda forma de existência que se manifesta de algum
modo.
Contingente - suas proposições
ou hipóteses têm a sua veracidade ou falsidade conhecida através da
experimentação e não pela razão, como ocorre no conhecimento filosófico.
Sistemático - saber ordenado
logicamente, formando um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos
dispersos e desconexos.
Verificável - as hipóteses que
não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito da ciência.
Falível - em virtude de
não ser definitivo, absoluto ou final.
Aproximadamente
exato –
novas proposições e o desenvolvimento de novas técnicas podem reformular o
acervo de teoria existente.
Fonte: www.puc-rio.br/sobrepuc/depto/dad/lpd/…/tiposdeconhecimento.rtf
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