5 de setembro de 2013

Em que acreditam os filósofos?


Domingos Faria


Em que acreditam os filósofos profissionais contemporâneos? Existem mais filósofos teístas ou ateístas? Na ética, eles são deontologistas, consequencialistas ou acreditam na ética das virtudes? 

Fonte: Sebenta de Filosofia

Os filósofos David Chalmers e David Bourget passaram um questionário a 1972 filósofos em 99 dos principais departamentos de filosofia do mundo de modo a obter as respostas a estas e outras questões. Estas questões têm, de acordo com os autores, interesse sociológico e histórico óbvio. Os filósofos têm interesse no caráter da sua atividade tanto passada como presente. E os historiadores da filosofia estão interessados nas posições filosóficas dominantes das várias eras e de que forma mudaram ao longo dos tempos.

Atendendo principalmente aos temas lecionados no 10.º ano do ensino secundário, vejamos em que acreditam os filósofos atuais:



Um dos primeiros tópicos que os alunos começam por estudar em filosofia é o problema do livre-arbítrio. A maioria dos filósofos atuais (59,1%), que fizeram parte do inquérito, responde a este problema com o compatibilismo (ou determinismo moderado), ou seja, defendem que o livre-arbítrio é compatível com o determinismo. Quanto àqueles que sustentam o incompatibilismo, são mais os filósofos que defendem o libertismo (13,7%), isto é, que temos livre-arbítrio e que não somos determinados, do que aqueles que defendem o determinismo radical (12,2%), ou seja, que somos determinados e que não temos livre-arbítrio.

Quanto à ética normativa que procura saber, entre outras coisas, o que faz uma ação ser correta, 25,9% dos filósofos defendem a deontologia (a ética baseada na noção de dever, em direitos, como é o exemplo de Kant); 23,6% advogam o consequencialismo (em que o valor de uma ação deriva inteiramente do valor das suas consequências, como é o exemplo de Stuart Mill); e 18,2% dos filósofos defende a ética das virtudes (que é um sistema ético baseado nas qualidades de caráter necessárias para viver bem, como é o exemplo da ética de Aristóteles).

No que diz respeito à filosofia política, nomeadamente ao problema da justiça social, grande parte dos filósofos (34,8%) defende o igualitarismo (que dá importância primordial ao valor da igualdade e em que o Estado deve acabar com as desigualdades sociais – um dos principais filósofos que se preocupa em diminuir as desigualdades é John Rawls), enquanto apenas 9,9% defende o libertarianismo (que dá importância primordial ao valor da liberdade individual e em que o Estado não deve interferir na vida dos indivíduos para, por exemplo, diminuir as desigualdades sociais – um dos principais filósofos que defende o Estado mínimo é Robert Nozick). Além disso, 14,3% dos filósofos acreditam no comunitarismo (que defende que é na comunidade que se constrói a nossa identidade, como sustentam Charles Taylor ou Michael Sandel).
Quanto a um dos tópicos principais da filosofia da religião, o problema da existência de Deus, uma grande maioria de filósofos (72,8%) defende que Deus não existe, enquanto apenas 14,6% dos filósofos sustentam que Deus existe. Existe ainda uma percentagem significativa de filósofos (12,6%) que assumem outras posições, como agnosticismo, em relação a este problema.



Fonte: Sebenta de Filosofia
Disponível em: http://manualescolar2.0.sebenta.pt/projectos/fil10/posts/1327


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