Domingos Faria
Em que acreditam os filósofos profissionais contemporâneos? Existem mais filósofos teístas ou ateístas? Na ética, eles são deontologistas, consequencialistas ou acreditam na ética das virtudes?
Fonte: Sebenta de Filosofia |
Os filósofos David Chalmers e David Bourget passaram um questionário a
1972 filósofos em 99 dos principais departamentos de filosofia do mundo de modo
a obter as respostas a estas e outras questões. Estas questões têm, de acordo
com os autores, interesse sociológico e histórico óbvio. Os filósofos têm
interesse no caráter da sua atividade tanto passada como presente. E os
historiadores da filosofia estão interessados nas posições filosóficas
dominantes das várias eras e de que forma mudaram ao longo dos tempos.
Atendendo principalmente aos temas lecionados no
10.º ano do ensino secundário, vejamos em que acreditam os filósofos atuais:
Um dos primeiros tópicos que os alunos começam por
estudar em filosofia é o problema do livre-arbítrio. A maioria dos
filósofos atuais (59,1%), que fizeram parte do inquérito, responde a este
problema com o compatibilismo (ou determinismo moderado), ou seja, defendem que
o livre-arbítrio é compatível com o determinismo. Quanto àqueles que sustentam
o incompatibilismo, são mais os filósofos que defendem o libertismo (13,7%),
isto é, que temos livre-arbítrio e que não somos determinados, do que aqueles
que defendem o determinismo radical (12,2%), ou seja, que somos determinados e
que não temos livre-arbítrio.
Quanto à ética normativa que procura saber, entre outras coisas, o que faz uma ação ser correta, 25,9% dos filósofos defendem a deontologia (a ética baseada na noção de dever, em direitos, como é o exemplo de Kant); 23,6% advogam o consequencialismo (em que o valor de uma ação deriva inteiramente do valor das suas consequências, como é o exemplo de Stuart Mill); e 18,2% dos filósofos defende a ética das virtudes (que é um sistema ético baseado nas qualidades de caráter necessárias para viver bem, como é o exemplo da ética de Aristóteles).
No que diz respeito à filosofia política,
nomeadamente ao problema da justiça social, grande parte dos filósofos (34,8%)
defende o igualitarismo (que dá importância primordial ao valor da igualdade e
em que o Estado deve acabar com as desigualdades sociais – um dos principais
filósofos que se preocupa em diminuir as desigualdades é John Rawls), enquanto
apenas 9,9% defende o libertarianismo (que dá importância primordial ao valor
da liberdade individual e em que o Estado não deve interferir na vida dos
indivíduos para, por exemplo, diminuir as desigualdades sociais – um dos
principais filósofos que defende o Estado mínimo é Robert Nozick). Além disso,
14,3% dos filósofos acreditam no comunitarismo (que defende que é na comunidade
que se constrói a nossa identidade, como sustentam Charles Taylor ou Michael
Sandel).
Quanto a um dos tópicos principais da filosofia da
religião, o problema da existência de Deus, uma grande maioria de
filósofos (72,8%) defende que Deus não existe, enquanto apenas 14,6% dos
filósofos sustentam que Deus existe. Existe ainda uma percentagem significativa
de filósofos (12,6%) que assumem outras posições, como agnosticismo, em relação
a este problema.
Fonte: Sebenta de Filosofia
Disponível
em: http://manualescolar2.0.sebenta.pt/projectos/fil10/posts/1327
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