E a ciência passou a poder tudo. Talvez a história de Frankenstein, de Mary Shelley, seja a crítica mais contundente à sacralização da ciência e sua pretensão ‘divina’ de poder tudo.
No período medieval, Voltaire foi um dos primeiros a insurgir-se contra
a cultura clerical. Num período em que claramente se desviou do caminho, a
Igreja Católica sofreu diversas derrotas judiciais, e muitas delas graças à
ação voluntariosa de Voltaire. O grande cientista conseguiu, na justiça comum,
indenizações para algumas famílias vítimas de erros crassos da Inquisição.
Muita intolerância, perseguições e execuções criaram o caldo cultural
distorcido que levou Feuerbach a afirmar que o homem é que criara Deus à sua
imagem e semelhança e Nietzsche a anunciar a morte de Deus. De um polo, o homem
saltou à outra extremidade. Se Deus ocupava o centro do universo, agora o
próprio homem passou a ocupar esta posição. Anteriormente, à Religião cabia
resolver tudo, agora é a ciência que se arvora e se apossa desta capacidade.
E a ciência passou a poder tudo. Talvez a história de Frankenstein,
de Mary Shelley, seja a crítica mais contundente à sacralização da ciência e
sua pretensão ‘divina’ de poder tudo.
Na estória do Novo Prometeu, partes e órgãos de diversos
cadáveres dão origem a uma estrovenga, com vida, é verdade, mas muito distante
de uma figura humana. A secularização política, o racionalismo, a doutrina
filosófica imanentista que nega a existência de influências transcendentais no
mundo, e o individualismo exacerbado foram consequências do embate entre o
pensamento religioso e a ciência na idade média.
Fonte: Revista Época |
Até 1.700 o homem se valia das plantas para comer, mas também para
tratar de doenças e enfermidades. Deus aborrecido, castigando sua criação, ou
armadilhas urdidas nas profundezas pelo demônio eram as justificativas mais
comuns para os males imprevistos. O tratamento administrado à loucura, hoje
escandaliza.
De 1700 para cá, a ciência evoluiu muito, sobretudo nos últimos cinquenta
anos. Por mais que tenha realizado, e pelo muito que ainda fará, a ciência
jamais romperá o elo que une o homem a Deus. Por quê? Por que o homem se
vincula à Deus? É uma pergunta que não cala desde que o homo sapiens se colocou
de pé. E que continuará reverberando, uma pergunta ecoando pela eternidade…
pelo menos enquanto o homem continuar ereto, será assim.
Fonte: http://culturaeducacao.blogspot.com/2008/01/cincia-no-pode-tudo.html
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